segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Um elogio com ar de reflexão.

Por Fernando Lopes Lima
“Jantando com Isabel” é uma belíssima comédia romântica. Os personagens são absurdos e ordinários respeitando os preceitos de uma boa história de amor. O Texto de Furio Lonza é profundo sem ser obscuro, o que nos leva a torcer pelos dois personagens do início ao fim sem dificuldades; tal é o refinamento desta peça que chega ao ponto de quase

nos esquecermos que estamos diante de uma obra de ficção ou mesmo dentro de um teatro, característica essa, ouso dizer, de uma obra prima. O espaço ajuda bastante neste sentido, tudo é grande como no cinema. Próximo. Intimo.

A direção casou com o texto. Um matrimonio perfeito entre autor e diretor. Henrique Tavares é correto, parece ser desses diretores que não estão querendo provar nada pra ninguém, sabe como tem que ser e não fica querendo aparecer como encenador. É um verdadeiro condutor da obra, para não dizer, um facilitador, permite que a plateia embarque na trama.

O elenco é extraordinário, os dois foram feitos para aqueles papeis, claro, os papeis foram criados para eles, nisso o Furio foi genial. Isaac Bernardes e Xando Graça me lembram os palhaços clássicos italianos, o Branco e o Augusto. Os dois estão lá vivendo aqueles papeis de seres medíocres sem se importarem com a gente, jogando uma pelada com ares de decisão de campeonato. Um jogo de craques, sabem estar com a bola, sabem passar a bola um para o outro; uma verdadeira aula de teatro, para não dizer de futebol. O Xando é sensível, leve, engraçado, tem a tristeza comovente dos grande palhaços e o Issac é uma catalizador perfeito, controla o jogo como um técnico, preciso e refinado.

O Aurélio de Simoni é sempre um homem a serviço do teatro 
(o velho é foda) e todos os artistas que fazem parte deste projeto dialogam perfeitamente com a obra. Uma preciosidade do nosso teatro. Desejo que cada vez mais, nós sigamos estes exemplos, não para nos engessarmos, com o perdão da má palavra, mas para tornar a ida ao teatro um prazer para todos. Obrigado e vida longa a “Jantando com Isabel”.

(Jantando com Isabel está em cartaz até Domingo no Poeirinha)

domingo, 13 de setembro de 2009

Comentário rapido

Essa semana eu vi duas boas peças e a semana promete com a vinda do Galpão para o Rio. Na Quinta eu vi "Por Um Fio" direção de Moacir Chaves e no Domingo enfrentei a maravilhosa saga de sete horas de peça, "Cacilda" direção de Zé Celso. Eu poderia fazer isso todos os dias.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Cia Atores de Laura é Moliére no seculo XXI


As artimanhas de Scapino em cartaz no Teatro das Artes. (Shopping da Gávea)

Caros leitintes, faz algum tempo que não me arrisco a fazer uma crítica aqui no meu blog de teatro. Sinto que me faltava inspiração. Hoje recebi um belo presente ao assistir a peça de Molière, As artimanhas de Scapino, belissimamente encenada pela Cia Atores de Laura. Venho aqui escrever minhas afecções sobre este trabalho. Este é mais um ensaio crítico.
O texto, além de ser escrito por um dos maiores comediógrafos do Século XVII, o francês Molière, é traduzido para o português pelo poeta e escritor brasileiro, Carlos Drumond de Andrade. Só isto já valeria a ida ao Teatro das Artes.
A Cia dos Atores de Laura tem dado provas de sua grandeza a cada peça encenada desde 1993. Desta vez não foi diferente. O diretor Daniel Herz conduz a encenação de maneira pratica e criativa. A direção é impecável. A luz é do premiado e experiente Aurélio de Simoni, é perfeitamente simples. A figurinista Heloísa Frederico caprichou nos detalhes e por este mérito ganhou o premio shell com louvor. O cenário é delicioso e muito bem explorado pela direção. Um espaço dentro do espaço. Um ponto "Zero", onde não há personagens, os atores são assistidos pelo público assistindo o espetáculo e o espaço de representação, tablado sobre tablado. As entradas e saídas são magnificas, marcando bem a diferença entre o lugar de encenação e os bastidores. Queridos, isto tudo não seria nada se não fossem os atores de Laura. O elenco é divinamente bem preparado e merece todos os aplausos recebidos em cena aberta. São gente de teatro da melhor qualidade. Charles Fricks (Scapino) tem a agilidade dos grandes comediantes. Anderson Mello (Argante) é carismático com suas bochechas e sua voz potente. João Marcelo Pallottino (Otavio) é uma flor de romantismo, quase uma dama. Leandro Castilho (Leandro) é um galã desengonçado. Maíra Graber (Zerbineta) com seu charme fofinho e sua racionalidade encanta e agrada. Marcio Fonseca (Silvestre) tira boas risadas da plateia com seu jeitinho frágil. Paulo Hamilton (Gerôncio) mostra toda sua capacidade expressiva. Vanessa Dantas (Jacinta) é uma mocinha cheia de graça. Não se perde nada deste elenco, a preparação vocal e corporal são um ponto alto do trabalho.
Bom teatro é pra ser visto. Por isso aconselho a todos os meus amigos a assistirem a peça As Artimanhas de Scapino, em cartaz no Teatro das Artes, Terças e Quartas as 21h.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

CIRCUNCISÃO EM NOVA YORK

Querido leitintes

Hoje fui assistir a peça CIRCUNCISÃO EM NOVA YORK, que está em cartaz no Teatro Villa Lobos em Copacabana. A peça foi escrita por João Bethencourt, que merece toda nossa admiração, não por este trabalho. A dramaturgia na melhor das hipóteses é boba, uma boa ideia com desenvolvimento característico das peças meramente comerciais. A direção é de Ricardo Kosovski que fez um trabalho modesto, sem teatralidade alguma, corroborando para a fragilidade do texto. Os atores se defendem muito bem, como podem, conseguem tirar boas risadas do público, a atriz Suzana Saldanha se mantém firme até o fim e agrada. Os atores Débora Lamm, Pitty Webo, Cláudio Garcia e Saulo Arcoverde são todos muito inteligentes e cumprem com profissionalismo seus papeis, merecem cada centavo que ganham com este trabalho. O ator Nildo Parente fará sempre bem seu personagem unico, cumpre sua função com competência. Porém, o destaque deste trabalho é o consagrado Francisco Cuoco, do início ao fim interpreta seu personagem com vigor e carisma digno dos grandes atores. Vale muito apena ver o Sr Francisco Cuoco nesta peça.

Queridos, CIRCUNCISÃO EM NOVA YORK apesar de ser "bobinha", não desagrada, pode ser um bom programa pipoca.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Festivais de Inverno de Minas Gerais

Queridos e amados leitintes

Estou acompanhando o povo do Pé na Rua, projeto do Galpão Cine Horto na Estrada. Este ano a montagem ficou sob a direção de Inês Peixoto (Galpão) e Laura Bastos. Quem assina o texto é Paulo André (Galpão) que construiu a dramaturgia junto com o material que o elenco foi trazendo para o ensaio, o resultado é a fábula de Arande Gróvore, uma linda montagem infantil para a Rua. Paulo André criou uma língua nova, o Gróvores, a peça inteira é falada nesta língua. Os atores executam com tanta firmeza que ninguém deixa de embarcar nesta maravilhosa aventura.
Tenho o privilégio de estar acompanhando o grupo nesta nova etapa de apresentações pelos Festivais de Inverno que acontecem em varias cidades de Minas Gerais. No Domingo estivemos em Entre Rios, uma linda cidade próxima de BH que nos recebeu muito bem, o festival de inverno de Entre Rios está na sua terceira edição e é muito bem organizado, foi um Domingo lindo, com a praça cheia e o povo emocionado. Hoje (terça) nós iríamos para Congonhas, mas a produção do festival é completamente desorganizada e nos fez perder o dia, não apresentamos o espetáculo. Amanha estaremos embarcando para Diamantina onde, tudo indica, será maravilhoso.

Arande Gróvore:
A peça, queridos, é emocionante. O trabalho foi feito com muito carinho por todos os participantes do projeto, o elenco junto com a direção percorreu o caminho da contação de historias, das fábulas e contos de fadas. Paulo André extraiu do material de ensaio os elementos para a dramaturgia, o autor optou por criar uma língua nova, misturando palavras, idiomas e dialetos, surgiu o "Grovores", língua que os personagens falam no reino de Arande Gróvore.
O elenco domina muito bem o "Grovores", fazendo com que a platéia entenda o que está sendo dito, não se perde nada... A peça pode ser vista em qualquer lugar do mundo.
O Figurino, as Rodantes (Bicicletas) e os adereços são lindos e nos fazem embarcar ainda mais no drama. Destaque para a trilha sonora de Fernando Muzzy, o som foi adaptado em uma das Rodantes, é fascinante, as músicas compõem o ambiente e envolve a cena.
Maravilhosas soluções de entradas e saídas de personagens, tudo acontece ali, na frente do público, mas a magia nunca é perdida.

Queridos, adoro poder dividir um pouco desta experiência fantástica.
Teatro ainda é um otimo veiculo de paixão e libertação. Evoe.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Em Breve estreia em BH a peça Aronde Gróvore!








Queridos Leitintes, aqui em BH pude acompanhar dois ensaios da montagem Aronde Gróvore, peça do Projeto Pé na Rua do Galpão Cine Horto, que tem estreia oficial prevista para Agosto. Digo com toda segurança que vai ser um belíssimo espetáculo de teatro de Rua. Acima algumas fotos de ensaio. Aguardem!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Quase Para Sempre" - Bosco Brasil

A vida segue independente da gente. Tomamos parte nas escolhas antes mesmo do corpo, no momento único, saber como vai reagir. O mundo doí, essa dor hora é divertida, hora é ainda mais divertida. Depende sempre de como o observador observa. O trágico na vida é absolutamente cómico, diante da morte a vida até parece ficção. O resto é alimento, o fogo queima e a a vida é de fato dionisíaca.

"Quase Para Sempre" escrita por Bosco Brasil e dirigida por Roberto de Souza, fala dessa pulsão, desse grito que parece respiro do instante. Meu momento único, neste caso, foi a coxinha de galinha descendo pelo esófago.

A montagem do curso de Direção da Uni-Rio está em cartaz na Sala Cinza da universidade, trata-se, por tanto, de uma prática de montagem, todos estão sendo avaliados, direção, elenco e técnicos.

Roberto de Souza optou por transformar a cena em um ringue, um duelo crescente se estabelece. Os atores Joana Lerner, Juliana Delgado e Bernardo Lacombe, dão conta do recado. Os três parecem entender a tragetória dos personagens e tem a calma precisa dos bons atores. A direção é limpa e sem exageros. As transiçoes de cena são otimas, um respiro para o próximo roud. Os contra regras mudam a cena transformando o ringue. O cenário é criativo e colabora com a ideia de ringue, pondo a plateia dos dois lados do palco central. O figurino é simples e não compromete. A iluminação é profissional. A música é certeira e refresca em quanto os contra regras transformam a cena entre um ato e outro. As cenas são todas previamente anunciadas o que nos joga pra dentro da trama novamente.

"Quase Para Sempre", apesar de toda dificuldade enfrentada pela produção, que não obteve verba para montagem, é uma peça que eleva a moral do teatro carioca. Gostaria de ver mais peças assim na cena do Rio.