segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Quase Para Sempre" - Bosco Brasil

A vida segue independente da gente. Tomamos parte nas escolhas antes mesmo do corpo, no momento único, saber como vai reagir. O mundo doí, essa dor hora é divertida, hora é ainda mais divertida. Depende sempre de como o observador observa. O trágico na vida é absolutamente cómico, diante da morte a vida até parece ficção. O resto é alimento, o fogo queima e a a vida é de fato dionisíaca.

"Quase Para Sempre" escrita por Bosco Brasil e dirigida por Roberto de Souza, fala dessa pulsão, desse grito que parece respiro do instante. Meu momento único, neste caso, foi a coxinha de galinha descendo pelo esófago.

A montagem do curso de Direção da Uni-Rio está em cartaz na Sala Cinza da universidade, trata-se, por tanto, de uma prática de montagem, todos estão sendo avaliados, direção, elenco e técnicos.

Roberto de Souza optou por transformar a cena em um ringue, um duelo crescente se estabelece. Os atores Joana Lerner, Juliana Delgado e Bernardo Lacombe, dão conta do recado. Os três parecem entender a tragetória dos personagens e tem a calma precisa dos bons atores. A direção é limpa e sem exageros. As transiçoes de cena são otimas, um respiro para o próximo roud. Os contra regras mudam a cena transformando o ringue. O cenário é criativo e colabora com a ideia de ringue, pondo a plateia dos dois lados do palco central. O figurino é simples e não compromete. A iluminação é profissional. A música é certeira e refresca em quanto os contra regras transformam a cena entre um ato e outro. As cenas são todas previamente anunciadas o que nos joga pra dentro da trama novamente.

"Quase Para Sempre", apesar de toda dificuldade enfrentada pela produção, que não obteve verba para montagem, é uma peça que eleva a moral do teatro carioca. Gostaria de ver mais peças assim na cena do Rio.

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