sexta-feira, 13 de junho de 2008

Em Breve estreia em BH a peça Aronde Gróvore!








Queridos Leitintes, aqui em BH pude acompanhar dois ensaios da montagem Aronde Gróvore, peça do Projeto Pé na Rua do Galpão Cine Horto, que tem estreia oficial prevista para Agosto. Digo com toda segurança que vai ser um belíssimo espetáculo de teatro de Rua. Acima algumas fotos de ensaio. Aguardem!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Quase Para Sempre" - Bosco Brasil

A vida segue independente da gente. Tomamos parte nas escolhas antes mesmo do corpo, no momento único, saber como vai reagir. O mundo doí, essa dor hora é divertida, hora é ainda mais divertida. Depende sempre de como o observador observa. O trágico na vida é absolutamente cómico, diante da morte a vida até parece ficção. O resto é alimento, o fogo queima e a a vida é de fato dionisíaca.

"Quase Para Sempre" escrita por Bosco Brasil e dirigida por Roberto de Souza, fala dessa pulsão, desse grito que parece respiro do instante. Meu momento único, neste caso, foi a coxinha de galinha descendo pelo esófago.

A montagem do curso de Direção da Uni-Rio está em cartaz na Sala Cinza da universidade, trata-se, por tanto, de uma prática de montagem, todos estão sendo avaliados, direção, elenco e técnicos.

Roberto de Souza optou por transformar a cena em um ringue, um duelo crescente se estabelece. Os atores Joana Lerner, Juliana Delgado e Bernardo Lacombe, dão conta do recado. Os três parecem entender a tragetória dos personagens e tem a calma precisa dos bons atores. A direção é limpa e sem exageros. As transiçoes de cena são otimas, um respiro para o próximo roud. Os contra regras mudam a cena transformando o ringue. O cenário é criativo e colabora com a ideia de ringue, pondo a plateia dos dois lados do palco central. O figurino é simples e não compromete. A iluminação é profissional. A música é certeira e refresca em quanto os contra regras transformam a cena entre um ato e outro. As cenas são todas previamente anunciadas o que nos joga pra dentro da trama novamente.

"Quase Para Sempre", apesar de toda dificuldade enfrentada pela produção, que não obteve verba para montagem, é uma peça que eleva a moral do teatro carioca. Gostaria de ver mais peças assim na cena do Rio.

Momento único. A Invisível companhia não é mais invisível


A peça LIMITE me fez pensar - Vários foram meus momentos únicos. Únicos foram todos os momentos, só há momentos únicos. Únicos foram os momentos únicos! @##$%%¨¨&

Parece que todos nós temos nossa missão pictórica, ou seja, a missão de ser a figura de um quadro, uma imagem, um recorte. O tempo todo observamos e somos observados, são tantos momentos únicos que não podem ser tantos.
A peça LIMITE, em cartaz na FOXFOBOX, da Invisível Companhia, toma para si a responsabilidade de nos brindar com um momento único. No principio é o coelho que invade. O coelho gigante parece sair da tela do cinema, um coelho triste? O fato é que é um coelho, que nos atravessa com sua imagem no tempo, no espaço. Depois são muitas as pessoas que passam na tela, carregando suas malas, se fundindo, misturando, gestos, formas, imagens, tela, cinema/teatro, musica, ritmo... Gente linda coisando, se deixando ser parte, sou parte logo existo!

Os quatro atores (Fernanda Felix, Michel Blois, Pedro Henrique Monteiro e Thiare Maia) assumem sua posição no espaço. Pedro parece tentar adivinhar o que os outros fazem, uma espécie de Anti-narrador, se deixando levar pelo que ouve e imagina. Tudo inseguro! Há um mistério, alguém na plateia tem uma corneta, ao toque da corneta todos mergulham suas cabeças em um balde cheio de agua, permanecendo assim até o próximo toque da corneta, fôlego e a peça continua... e a vida continua. Em alguns momentos parece um jogo de improviso, ou um anti-improviso. Michel tem uma obrigação, Thiare manipula Michel. Imagens são produzidas... Cheiro de ovo frito. Pedro narra. Tudo ao mesmo tempo e separado. Há espaço. Há tempo. Há uma infinidade de imagens. O DJ é uma cabeça dispersa que as vezes reage, musica. Não posso dizer aqui o indizível, LIMITE. Vale tudo! Eles tem medo de verdade, estão a flor da pele.

LIMITE é real, os atores estão ali de verdade - Risco.

O resto eu só sinto, não entendo.

Queridos Leitintes bom teatro é pra ser visto. Vejam LIMITE!

sábado, 7 de junho de 2008

Um Ariano Suassuna sem exageros


Caros amigos leitintes, assisti ontem O Santo e a Porca de autoria do mestre Ariano. A direção de João Fonseca é sem exageros, quase tímida. O diretor tem se destacado na cena carioca com inúmeras montagens com seu grupo o F... Privilegiados e tem merecido a atenção de todos nós que figuramos pelos teatros a procura de algo que nos aqueça o coração. Foi exatamente isto que aconteceu logo no inicio da peça, ao abrir a cortina nos deparamos com um cenário digno das peças de Suassuna. Os atores entram em cena para cumprimentar a platéia e dar inicio a historia. Não é fácil montar Ariano Suassuna, a trajetória dos personagens nesta farsa beira a esquizofrenia, a começar pelo personagem Euricão, interpretado magicamente por Ewerton de Castro, o ator empresta todo seu carisma ao ingênuo avarento criado pelo mestre Ariano. O elenco parece entender que o carisma é a alma de uma boa farsa, todos os personagens estão defendidos com amor e profissionalismo. O casal, interpretado por Janaína Prado (Margarida) e Armando Babaioff (Dodô), faz gosto de ver, ela racional, sem perder o charme da mocinha e ele tentando ser feio conseguem tirar boas gargalhadas do público. Gláucia Rodrigues (Caroba) e Nilvan Santos (Pinhão) são os "amarelos", personagem sempre presente nas obras do mestre, ambos, logo se vê, são gente de teatro, adoro!. Alegria ver também o Élcio Romar que interpreta o fazendeiro Eudoro, com sua voz potente é o galã das nossas meninas da melhor idade, tirou boas risadas utilizando sua capacidade vocal extraordinária. A atriz Duaia Assunpção sabe utilizar sua altura desengonçada e brinca de ser a irmã solteirona de Euricão, a Dona Benona. O figurino dialóga com tudo e colore a cena. A luz é fina. A direção arrisca pouco mas é precisa, João Fonseca parece ter preferido o caminho seguro da limpeza pra não atrapalhar o bom andamento da historia, é uma escolha. Direção é opinião!

Queridos Leitinte, bom teatro é pra ser visto, por tanto, saia de casa, vá até o SESI na Av. Graça Aranha e veja O Santo e a Porca.